Velhas são as vinhas Menu

Vinha da Ferradura

Douro. Pinhão
Fotografia: Marina Gallani

Fica numa encosta com menos de meio hectare, desenhada com pedra pelo homem no século XIX, perto da margem direita do Rio Douro, no Cima Corgo, na Região Demarcada do Douro. É a Vinha da Ferradura, na Quinta da Roêda, feita de xisto, solos pobres em matéria orgânica, vinhas e olival.

Em 1844, John Alexander Fladgate, comprou a Quinta da Roêda num estado de grande abandono, mas preenchida com ilhas de vinhas dispersas pela propriedade, que poucas décadas mais tarde morreriam com a filoxera. A doença provocaria grandes alterações no Douro, com a Quinta da Roêda a não ser excepção. Na Ferradura, a arquitectura do terreno pré filoxera manteve-se, mas a replantação com cepas rupestris vindas dos Estados Unidos respeitou os novos tempos. O resultado foi uma vinha pré-filoxera, mas da escola experimental.


A plantação das videiras, apesar da mistura e do número de castas, foi racional. Nada nesta vinha é aleatório. O porta-enxerto é o rupestris Du Lot (com o recorte de folha de choupo a confirmar), e as castas escolhidas foram diversas. Existem as autóctones Touriga Francesa, Tinto Cão, Tinta Francisca, Tinta Barroca, Tinta da Barca, as tradicionais Tinta Roriz e Sousão, a estrangeira Alicante Bouschet, ou as residuais Tinta Roseira e Trincadeira Branca. Sendo uma vinha experimental, da escola francesa, a densidade é de um metro quadrado por videira — uma densidade muito elevada que não veio a vingar no Douro, que optou até hoje pelos 1,45 metros.

A Vinha da Ferradura é uma vinha exigente em mão-de-obra. As vinhas muito velhas têm um vigor menor, mas precisam de muitos cuidados. No início do ano, é feita uma poda de vara e talão de rejuvenescimento constante. A seguir, como são vinhas aramadas, tem de se fazer a manutenção do sistema de aramação que é apoiado em esteios de pedra e arames simples fixos. Depois, o atar as varas ao arame, trabalho conhecido por erguida ou empa, embora no Douro o mais corrente é ser chamado de erguida. No trabalho de solo, é utilizada dominantemente a tracção animal, com o cavalo ou o macho. A vindima é realizada num dia. As uvas são vinificadas em lagar de granito, misturadas com uvas de outras vinhas velhas da Quinta da Roêda, contribuindo para o lote do vintage Sérikos, Roeda, ou Croft nos anos clássicos.

Na paisagem, a oliveira em bordadura é uma das imagens mais marcantes da vinha do Douro. As duas plantas vivem bem em conjunto, com as raízes da vinha a procurarem a profundidade e as da oliveira a ficarem pela superfície. A Vinha da Ferradura tem oliveiras em bordadura e um pequeno olival na zona do terreno onde começa a vinha.

Este é um ensaio sobre uma vinha histórica do Douro, um trabalho de cuidado contínuo de várias gerações. Longa vida à Vinha da Ferradura.

  • LocalizaçãoPinhão
  • Área0,9235 hectare
  • Soloxisto
  • Altitude120 a 135 metros
  • ExposiçãoSul
  • CastasMistura
  • Porta-enxertosVitis rupestris
  • ConduçãoAramação
  • DensidadeCompasso apertado (1m2 / videira)
  • ObservaçõesConsociada com outras culturas, etc