«É talvez o vinho mais completo de todos os que faço» afirma o autor, «tem uma elegância, uma finesse, muito grande; um lado feminino, delicado, cheio de pequenas nuances, e sempre com muita frescura. Possui um equilíbrio singular, pois consegue ter dois parâmetros no topo que normalmente são antagónicos. Geralmente, quanto mais se amadurecem as uvas, maior é a maturação e mais baixa é a acidez, a frescura; se vindimarmos cedo, ou seja, se baixarmos o nível de maturação, temos o nível de acidez mais alto. Na Vinha da Serra conseguimos ter a maturação e a acidez no topo, porque estamos cem metros acima das outras vinhas (a maior parte das vinhas estão a quinhentos metros de altitude), portanto, vai exacerbar o lado fresco, fino, e elegante; mas, como está exposta a poente, é muito soalheira, e, por isso, consegue ter ao mesmo tempo frescura e maturação, um equilíbrio raro. Depois, tem uma terceira dimensão, que tem que ver com a textura arenosa do solo, a mais fina de todos os solos nas diferentes vinhas que trabalho, e acho que isso se reflecte na boca, na finesse dos taninos. Por fim, a tinta amarela, que domina o encepamento, que oferece um lado luminoso e aéreo ao vinho.»